terça-feira, 27 de setembro de 2011

Entre cruz, espada e estrelinhas...



Era dia 18 de junho...
Muitas baladinhas acontecendo em São Sebastião. Todos os segmentos se organizando: o sertanejo,o gospel, o forró, o rock e o rap.
Tudo muito, muito lindo...
Muitos shows. Inclusive muitos astros passaram pelo vale de São Sebastião. Até que em uma sexta-feira...
Nas emissoras de TV:
"Festejos das administrações com irregularidade..."
Passaram-se 15 minutos, meu celular toca... Ding, dong, ding, dong (Alguém se lembra como se escreve o barulho do celular?)....
Eu: Fala, Renan...
Renan: Eduardo, acho que não vai rolar mais o rock...
Eu: Que isso, doido?
Renan: Acabou de passar no jornal...
Eu: Cara! Vai rolar!
Renan: Como?
Eu: Ainda não sei mas vai rolar...
Renan: Beleza então.
Eu: Um abraço.
Tututututututu....
Ao ouvir aquelas palavras do Renan, minha garganta fechou, e para minha decepção, não me matou asfixiado. A vontade de ser abduzido, ou quem sabe voltar para o saco do meu pai, companheiros, não vou mentir, era grande. E começou assim a corrida contra o tempo.
Para nossa frustração, o motoclube que iria expor os carros e motos de colecionadores desmarcou a exposição. E como não há nada ruim que não possa piorar... O caminhão-palco também não pode vir.
Na noite de segunda-feira, dia 22 de junho, organizamos uma reunião com as bandas que possivelmente iriam tocar, sendo elas...
- Divine Asphixiation;
- Mistake Arch;
- Suicide Machine;
- The Ratsome;
- Água Sanitária;
- Coliformes Fecais;
- Sacrifício.
Muitas discussões, algumas oposições e um resultado.
O Sacrifício fez o sacrifício de não tocar, pois alguns membros da banda tocariam em suas respectivas igrejas. O Suicide Machine, banda gospel de crentes quentes, me mandaram tomar no #@ quando falei o horário deles. O Divine Asphixiation não pode tocar. E os Coliformes Fecais teriam duas baixas: Chico Rosa tocaria com Dona Gracinha, e Nilson do Violão teria que cuidar de sua gracinha, a linda Ana Júlia, que tem poucos meses de vida.
A semana passou tão rápido que quase ninguém notou, mas também muitas coisas fizeram esse tempo passar rápido: jogos do Brasil, eliminação do Brasil (que merda!), a eliminação da Argentina (que benção!) e o dia 3 finalmente chegou...
Muitas especulações de que não iria acontecer esse evento pairavam sobre os ouvidos da massa sedenta por rock, mas também tinha aquela história de que os organizadores fizeram um ritual que diz que uma maldição cairia sobre suas cabeças, caso parte desse ritual oculto não fosse cumprido à risca.
A motivação estava em baixa, porém o amor e a devoção ao rock gritou mais do que Max Cavalera, e inacreditavelmente, pessoas surgiram no primeiro feixe de luz solar, em uma jornada até o Park of Exposition of San Sebastian para começar a organizar o espetáculo.


Eu, que ainda estava em meu recinto, quando Anne K. resolveu me acordar para ajudar nos preparativos.
Peguei minha câmera, e fui até o lugar sagrado de culto ao rock. Devana Babu não perdeu o time da notícia, e logo me avisou de um outro fato muito inspirador... Nesse mesmo dia, completaria 27 anos sem o mito que abriu as portas para a lisergia frenética do bom e velho Rock'n'Roll. Nessa mesma data completaria 40 anos sem Jim Morrison. Daí entrou a linda garota do cabelo multicolor, Anne K. que teve a ideia de batizar esse culto de Rock in Fire. Ela inconscientemente evocou Light my Fire naquele momento. Renan, Deverson do Mal, Pedro, Célio Iron Hand, Leomar Pereira, Valmir VjC, Luiz Próton e Paulo Dagomé arregaçaram as mangas, e, sem dó e nem piedade, carregaram palco, alambrados, lenha para o FIRE, compensados e etc, etc, etc e tal.
Depois disso, pouca coisa faltava. Uma delas, a principal, o som...
Liguei para meu irmão, que acordou puto da vida comigo. Mesmo com má vontade, ele veio ao nosso encontro. Buscamos parte do som, mas, mesmo assim, faltavam as caixas de grave, e, como diz Cazuza, "o tempo não para". Tudo bem, nem precisava ele ter dito isso, afinal era só olhar para o relógio para notar que as horas voavam para a gente.
O nervosismo começou a aumentar, e, para aqueles que dizem que fumar é prejudicial a saúde, para o nosso evento, foi a vacina que salvou. O guarda do parque me passou um dinheiro para comprar uma carteira de cigarro a uns 6 quarteirões, e, por muita sorte, encontrei o Fernando Batatinha, em frente ao comércio, com sua caminhonete, uma Chevrolet Silverado. Não perdi tempo e fiz uma proposta indecorosa, esperando uma resposta do Fernando. Ele, muito solidário, não demorou muito para ir até a humilde residência de Devana Babu para pegar o restante da estrutura.
Depois que tudo estava nos devidos lugares, "as piadas" do dia chegaram. "Tiago Será o Fim?" chegou com o suicídio da Machine, e, mesmo sem dar um prego em um angu, saiu com todo seu senso de estrela, deixando apenas quatro palavras, que ecoaram a noite inteira acompanhado de gargalhadas dos organizadores: 1ª) "não"; 2ª) "precisamos"; 3ª) "dessa"; 4ª) "porra". Engraçado demais, um crente da bunda quente falar algo dessa proporção. Eu, com muito mais clareza, respondi, sem nenhum peso na consciência: "Que bom! Mais 30 minutos para a  jam session!". As palavras, que ele deixou pensando que iriam fazer os amantes do rock desesperados, soaram mais como o RESTART, deixando todos mais tranquilos de não ter de vê-lo colocando defeito em tudo.
Fato que chamou atenção foi o desfecho. Os organizadores terminaram o ritual onde Anne K., Devana Babu, Peter Punk e Eduardo Cabeção dormiram ao relento, embrulhados em um carpete azul, à beira da fogueira ou pelo menos o que sobrou dela.


E essa foi mais uma edição do Superrrock, que teve um desfecho lindo, com a carroça do Marcelo levando tudo o que sobrou do céu...


NOTA DO CO-EDITOR: Revisado.

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